segunda-feira, 21 de setembro de 2015

JAGUATIRICA ameaçada de extinção é fotografada durante o dia na RPPN




Uma linda JAGUATIRICA (Leopardus pardalis), espécie ameaçada de extinção, é fotografada durante o dia por uma das câmeras de trilha da RPPN Corredeiras do Rio Itajai, em Itaiópolis (SC). Passou pela câmera às 12h05min do dia 05/09/2015, que registrou 6 fotos Trata-se de um macho muito saudável. Confira as fotos.







Mais informações sobre este belíssimo felino da Mata Atlântica estão neste link
http://www.ra-bugio.org.br/ver_especie.php?id=59

Já foram feitos vários registros da jaguatirica nos últimos 2 anos, mas este é o primeiro registro feito durante o dia. Outros registros de felinos feitos durante o dia na RPPN foram:

Onça-parda oupuma (Puma concolor)

Gato-mourisco (Puma yagouaroundi)
É o registro mais comum de todos

Gato-do-mato-pequeno (Leopardus guttulus)




Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade
Jaraguá do Sul, Santa Catarina
http://www.ra-bugio.org.br/

Aquisição de áreas preservadas de Mata Atlântica e criação de reservas (RPPN) para salvar as nascentes do RIO ITAJAÍ
http://www.ra-bugio.org.br/areasprotegidas.php?id=13

Conheça o Centro Interpretativo da Mata Atlântica – Jaraguá do Sul
http://www.ra-bugio.org.br/sede-ra-bugio.php

Acompanhe nosso Projeto de Educação Ambiental nas escolas para salvar a MATA ATLÂNTICA
http://www.ra-bugio.org.br/educacaoambiental.php

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terça-feira, 1 de setembro de 2015

História do Centro Interpretativo da Mata Atlântica em Jaraguá do Sul



O projeto do Instituto Rã-bugio para implantação de um centro de educação ambiental destinado ao atendimento às escolas, o Centro Interpretativo da Mata Atlântica (CIMA), no bairro Barra do Rio Cerro, em Jaraguá do Sul é um exemplo para o Brasil de como uma parceria entre ONG e Prefeitura, que já dura mais de 10 anos, pode dar bons resultados e render grandes benefícios para a sociedade.

Nós começamos este projeto de educação ambiental ao ar livre atendendo os estudantes em nossa residência, em Guaramirim. O projeto foi um sucesso, cresceu muito e nossa capacitada de atendimento ficou limitada. Recebíamos a visita de até 80 estudantes por dia, que usavam o banheiro da nossa casa. Devido a repercussão do nosso projeto fomos procurados pela Fundação AVINA que ofereceu apoio propondo que se conseguíssemos um terreno eles dariam os recursos para a construção das instalações de um centro de educação ambiental. Então, no início de 2005, procuramos as prefeituras da região e contamos esta história e quais eram nossos planos.

Foi na Prefeitura de Jaraguá onde encontramos pessoas muito entusiasmadas com nosso projeto. Eram as pessoas que mais tarde criariam a Fujama. Eles nos apoiaram e explicaram nossa proposta ao Prefeito e aos Vereadores. Mostraram as áreas de matas preservadas da prefeitura para nós escolhermos a mais adequada. Optamos por esta onde construímos as instalações. Esta área era boa, mas tinha um problema do acesso, da Rua Stinghen, que não permitia a subida de ônibus. A estrada tem forte declividade, era muito estreita e numa curva fechada tinha uma rocha de granito que bloqueava o acesso de veículos grandes. Mas nos convenceram que a prefeitura resolveria este problema depois. A cessão de uso foi feita dentro do que a lei permitia, de 10 anos renováveis por mais 10, com um prazo de 1 ano para começarmos a construção. Os funcionários que criaram a Fujama nos prometeram que se empenhariam para incluir esta área no plano diretor para transformá-la em unidade de conservação e que a implantação do nosso projeto ajudaria neste propósito e, como prometeram, isto realmente aconteceu um ano e meio depois da prefeitura ceder o uso da área. Isto correspondia com a nossa expectativa e estava de acordo com nossa missão.

Inicialmente, estava planejada apenas a construção do refeitório, cozinha e banheiros e a trilha, a infraestrutura básica para começarmos a atender as escolas. A AVINA nos autorizou a usar nesta construção parte dos recursos que foi doado para Instituto Rã-bugio para atender a escolas e pagar funcionários. O local não tinha energia elétrica e nem água. Foi então que descobrimos que para levar energia elétrica até o local consumia boa parte dos recursos da construção. A Elza teve que batalhar muito para conseguir uma doação para levar energia elétrica até o local, mas conseguiu. Para resolver o problema da água, um diretor aposentado de uma grande empresa de Jaraguá fez doação do próprio bolso para contratar os serviços de perfuração de um poço. Foram feitas várias perfurações e descobriu-se que o local não tem água subterrânea. O problema persiste até hoje porque há apenas dois pequenos riachos temporários (secam durante um período do ano) e a água é captada num reservatório instalado próximo ao leito de um destes riachos com um sistema de vários filtros que custou bem caro, mas este doador generoso pagou tudo.

Conseguimos construir dentro do prazo estipulado no termo de compromisso da Prefeitura, de um ano, o refeitório e os banheiros e preparar a trilha, que contou com ajuda de voluntários. O problema é que a estrada não pode ser melhorada para acesso dos ônibus e ficamos quase 4 anos sem poder levar as escolas para os trabalhos na trilhas. Mas as atividades nas trilhas continuaram sendo feitas  normalmente em nossa propriedade. Conseguimos aprovação de mais patrocínios para as atividades de educação ambiental, mas nenhum desses projetos permitia incluir percentuais elevados de despesas com construções. Nós havíamos também planejado a construção de um prédio grande com alojamentos e auditório para cursos de capacitação de professores de outras cidades. Porém, no patrocínio que conquistamos do Programa Petrobras Ambiental obtivemos autorização para remanejar recursos e investir na construção do prédio maior. O dinheiro ainda não era suficiente, mas estávamos nos empenhando para conseguir outros patrocínios de empresas e finalizar a obra. Foi um esforço muito grande. Tivemos que usar dinheiro do fundo de reserva do Instituto Rã-bugio e de doadores de Jaraguá do Sul para concluir a obra deste prédio grande. Durante mais de um ano nós pagamos do próprio bolso o fundo de garantia dos pedreiros, por causa da forma de contratação que foi necessária fazer. Mas conseguimos realizar o sonho de ter as duas construções para beneficiar as escolas, no treinamento de professores e atendimento de estudantes.

Porém passavam os meses e o problema da estrada persistia. A ponta da rocha de granito que impedia a passagem do ônibus foi finalmente cortada pelo serviço especializado (uma máquina vinda de São Paulo) contratada pela Prefeitura, já que não podia ser usado explosivos pois havia residências em cima do barranco e abaixo também. Houve previsão orçamentária da Prefeitura para o concretamento, mas por duas vezes os recursos não puderam ser aplicados, uma das vezes foi a catástrofe dos deslizamentos de 2008. Como sabemos Jaraguá teve uma explosão demográfica nos últimos anos e há demanda por infraestrutura urgente por toda a parte. São situações de emergência que consomem muitos recursos da Prefeitura.

Estávamos conseguindo atender os ônibus com a estrada sem pavimentação, mas quando chovia éramos obrigados a esperar até 3 dias para a estrada secar e os ônibus subirem com segurança. Se a chuva ocorria durante o atendimento, para garantir a segurança, a Elza transportava os estudantes com nosso jipe até base do morro, fazendo várias viagens. A construção do prédio maior nos consumia todas nossas energias e recursos também. Mas assim que terminou a construção, concentramos os esforços para conseguir o concretamento da estrada e atender também a expectativa dos moradores que contavam com nossa ajuda. Já havia se passado quase 9 anos com este problema do acesso limitando a escala de atendimento do nosso projeto.

O Instituto Rã-bugio se tornou uma ONG ambientalista de destaque em Santa Catarina e foi indicado para fazer parte do Conselho do Fundo de Reconstituição dos Bens Lesados do Ministério Público de Santa Catarina (FRBL), que destina recursos financeiros de multas e ajustamentos de conduta para o meio ambiente e outras áreas. Então, a Elza percebeu a oportunidade de levar esta demanda para o Conselho, explicando pessoalmente sua importância para o benefício das escolas atendidas. O presidente do Conselho se sensibilizou com a situação e respondeu positivamente. Tínhamos a opção de concretar um acesso independente, exclusivo para nossas instalações, uma estrada abandonada. Porém, a Elza teve a preocupação de não decepcionar os moradores e se esforçar para beneficiá-los também. Além disso, tínhamos que contribuir também para esta boa relação com a Prefeitura, afinal somos parceiros. Só que existia restrições legais de usar este tipo de recurso destinado ao meio ambiente para beneficiar moradores. Mas mediante justificativas sobre os custos menores era possível usar os recursos de meio ambiente ao nosso projeto de educação ambiental para concretamento da rua Stinghen, ao invés do nosso acesso exclusivo. Porém surgiu mais uma complicação, a rua Stinghen é uma via pública, e o Instituto Rã-bugio não poderia submeter o projeto neste caso, só a Prefeitura. E quando trata-se de prefeitura é necessária uma contrapartida pelas regras do FRBL, já para uma ONG, não. Então, a Prefeitura de Jaraguá entrou com a mão de obra dela própria e as máquinas. A proposta foi aprovada pelo conselho do qual a Elza fazia parte e, finalmente, em abril do ano passado a rua Stinghen foi concretada.

Por isso, os moradores da Rua Stinghen precisam agradecer a Elza pelo que ela fez por eles e também apoiar nosso trabalho porque certamente mais coisas boas virão pela frente. Cabe salientar que isto só foi possível graças à nossa parceria, uma relação de confiança de 10 anos que mantemos com a Prefeitura e também com a Câmara dos Vereadores. Conforme o projeto da Prefeitura, foi assumido o compromisso de que a finalidade do concretamento era para dar segurança para os estudantes atendidos pelo projeto de educação ambiental do Instituto Rã-bugio no CIMA. Se por algum motivo sofrermos restrições em continuar este projeto de educação ambiental, tornará ilegal o uso dos recursos do FRBL para este concretamento.

A área não possui nenhum atrativo de grande beleza cênica como cachoeiras e cavernas. É uma paisagem comum dos morros da nossa região, uma mata secundária bastante degradada que regenerou sobre um reflorestamento de eucalipto abandonado não faz muito tempo. Mas Instituto Rã-bugio transformou aquela área em um lugar muito especial para atender as escolas nas atividades educativas ao ar livre. O grande atrativo do local foi criado pelo Instituto Rã-bugio, que é o centro de educação ambiental. É referência para o Brasil e muitas prefeituras já nos procuraram para copiá-lo. Já atendeu mais de 60 mil alunos e 3.400 professores. Foram dados cursos de capacitação para professores de vários municípios. Já recebeu dezenas de grupos de estudantes de Joinville, Blumenau e até de Curitiba. O local é bem isolado e protegido por barreiras naturais oferecendo muita segurança para os estudantes nas trilhas, sem nenhum custo.

O Instituto Rã-bugio é conhecido no Brasil inteiro e até no exterior principalmente por ter criado este centro de educação ambiental com apoio da Prefeitura. Já ganhamos um prêmio internacional por este projeto da maior ONG ambientalista do mundo, a UICN, que tem assento permanente na ONU. Fomos receber este prêmio num evento internacional na Coreia do Sul. Tivemos também o reconhecimento da Sociedade Brasileira de Zoologia (que congrega todos os professores universitários e pesquisadores da área de zoologia do Brasil), com uma premiação em Porto Alegre (RS) no início do ano passado.

Trabalhando em parceria com a Prefeitura conseguimos construir coisas maravilhosas para Jaraguá do Sul. Nosso projeto está só começando. Somos uma ONG pequena que ainda precisa de fortalecimento e apoio da população de Jaraguá do Sul.  Nosso maior patrimônio é o nome da ONG, Rã-bugio, que é nossa marca e tem um apelo de mídia ambiental muito forte para captar doações e patrocínios. É um nome que os primeiros imigrantes do vale do Itapocu criaram para uma rãzinha da Serra do Mar e ao utilizá-lo nós o resgatamos e conseguimos colocá-lo nos dicionários da língua portuguesa.

Jaraguá do Sul é uma cidade bem desenvolvida para os padrões brasileiros graças às pessoas com compromisso pela cidade, que atuam construtivamente em prol da comunidade e sempre apóiam ideias boas para melhorar a cidade. Há 15 anos, bem antes de criarmos a ONG, quem nos deu o primeiro apoio e incentivou foi a WEG, através do Sr. Eggon João da Silva, que acreditou no nosso projeto voluntário de Educação Ambiental. Se não fosse este incentivo talvez não tivéssemos ido muito longe. A Fundação AVINA não teria nos procurado e assim por diante. A recompensa pelo trabalho voluntário é o reconhecimento da sociedade de que aquilo que você faz é importante. Nosso trabalho de educação ambiental voluntário é feito com critérios científicos e bem avaliado por grandes especialistas da área. Com este projeto estamos divulgamos uma imagem muito positiva de Jaraguá do Sul para todo o Brasil.

A gestão atual da Fujama está trabalhando para transformar a área onde criamos o centro de educação ambiental em unidade de conservação da natureza na modalidade de Parque Natural, a mais restritiva de todas. É importante para continuidade e aperfeiçoamento do nosso projeto que não seja mudado o nome do local, que seja mantido o nome da nossa instituição no parque, Parque Natural Municipal Rã-bugio. O atrativo que torna aquele local diferente, muito especial e bem conhecido fomos nós que criamos com muito esforço e dedicação. Isto não pode ser ignorado e tampouco deixado de ser reconhecido.



Instalações da sede do Instituto Rã-bugio mostrando a Elza trabalhando no pesado. Foi ela que espalhou toda esta brita, 3 cargas de caminhão que ela conseguiu de doação. A Elza também colocou as pedras da calçada em volta da lagoa e também as plantas. Fez tudo isso sozinha e sem receber um centavo.
Placa do convênio do FRBL para concretamento da rua que dá acesso a sede do Instituto Rã-bugio. Infraestrutura que beneficiou os moradores da comunidade 
Vista da área onde fica o Centro Interpretativo da Mata Atlântica, em Jaraguá do Sul (SC)