terça-feira, 30 de março de 2010

Hora do Planeta agrava o aquecimento global

A campanha de marketing "Hora do Planeta" promovida por uma rica e poderosa ONG estrangeira tem caído do céu para alguns políticos do terceiro mundo fazerem demagogia de que estão preocupados com o futuro do planeta. Não exige nenhum esforço, a não ser passar pela situação ridícula de ficar no meio de velas acesas. Mas a mídia dá um destaque considerável e compensa “pagar este mico”.

Michelle Bachelet, presidente do Chile, faz discurso
iluminada por velas na Hora do Planeta
. Foto: AP

O mais preocupante e assustador nesta campanha foi perceber que as pessoas não têm muita noção dos problemas ambientais ou realmente não se importam, ou seja, não têm consciência dos danos que causam ao Planeta. Apagam as luzes por uma hora, mas, para não ficarem no escuro, acendem velas feitas de parafina, que é um derivado do petróleo (combustível fóssil).

Supondo que seja verdadeiro o número (fantasioso) da adesão de 1 bilhões de pessoas à campanha de marketing que a ONG estrangeira divulgou na mídia. Uma vela de 20 gramas de parafina dura 1 hora aproximadamente. Então, foram consumidas em apenas uma hora 20 mil toneladas de parafina (1 bilhão multiplicado 20 gramas). Imaginem o impacto disso na indústria petroquímica. São 4 meses de consumo de parafina de um país como o Brasil, que anualmente consome 60 mil toneladas.

E qual foi a poluição produzida por estas velas? O blog Physical Insights apresenta um cálculo bem razoável das emissões resultantes da queima de vela de parafina durante uma hora, que dá 10,7 gramas de dióxido de carbono. Multiplicando este resultado por 1 bilhão (uma vela acessa por pessoa), teremos a emissão de 10,7 mil toneladas de dióxido de carbono.

Na Austrália, mais de 80% da energia elétrica é gerada por termoelétricas a carvão e derivados de petróleo (combustíveis fósseis), enquanto no Brasil mais de 90% da energia elétrica é gerada por hidrelétricas. Mesmo na Austrália, o blog Physical Insights mostra os cálculos que cada participante da campanha "hora do planeta" emitiu 10 vezes mais dióxido de carbono ao usar luz de vela em vez de lâmpada.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Educação Ambiental para diminuir as resistências à criação de unidades de conservação da natureza

Estudantes do ensino médio da Escola Estadual "Professor João Cruz", de Jarareí (SP), nas atividades de interpretação de trilha em um fragmento da Mata Atlântica do Campus da UNIVAP, Vila Branca, em Jacareí.

Sempre que se tenta criar uma unidade de conservação da natureza há uma grande resistência da maioria da população. Isto é um indicador de que o Brasil está na estaca zero em termos de Educação Ambiental. Que precisa de investimentos pesados nesta área como fazem os países do primeiro mundo.

Vejam o resultado do nosso projeto no relatório da estudante YASMIN JESUS DE MELO, da escola pública estadual EE PROFESSOR JOÃO CRUZ de Jacareí (SP), vale do rio Paraíba, participante das atividades de interpretação de trilha, no fragmento de Mata Atlântica do campus da UNIVAP em Jacareí. No final da página Projetos em Andamento estão disponíveis outros relatórios dos estudantes que participaram das atividades deste projeto que só foi possivel realizar graças ao patrocínio da Johnson & Johnson.

Percebam como é importante realizar este projeto. Geralmente, os estudantes não têm noção do que significa uma mata preservada e pelo resto da vida não vão compreender a necessidade de se criar áreas protegidas (unidades de conservação da natureza), por exemplo. O pouco de conhecimento que eles absorverem já é suficiente para terem uma visão diferente e formarem outros valores.

Quando a maioria das pessoas acha que criar uma área protegida é estorvo, vai travar o desenvolvimento, é sintoma de algo está muito errado. Não estão estendendo ou levando a sério a questão ambiental. O normal é a sociedade pedir - e não impedir - a criação de uma área protegida. E nossa atuação vai neste sentido, ou seja, trabalhamos na construção de uma sociedade bem informada para tomar as decisões corretas.

Aqui, na região do vale do rio Paraíba, São Paulo, estamos vivenciando um lamentável caso de resistência da população contra a criação do Parque Nacional Altos da Mantiqueira e a imprensa vem colaborando ativamente para desinformar a população.

Equivocadamente, não menciona os benefícios que o parque trará para o desenvolvimento sustentável da região. Apenas critica intensamente. Mostra que propriedades rurais arrasadas, espremidas nos fundos dos grotões entre as gigantescas montanhas da serra da Mantiqueira, com seus recursos naturais completamente esgotados e problemas ambientais gravíssimos de difícil solução decorrentes de décadas de exploração predatória podem ainda trazer prosperidade para seus proprietários.

A criação de uma área protegida não provoca e nunca provocou êxodo rural no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo. Já a degradação dos terrenos e estas monoculturas de eucalipto e outras plantas, comprovadamente provoca.

Acho que o Parque Nacional Altos da Mantiqueira vai gerar mais renda para os proprietários rurais e para os municípios do que estas plantações de eucaliptos que estão se espalhando por toda a paisagem. Quanto a este problema que vai gerar um passivo ambiental que compromete seriamente o futuro da região, os prefeitos que tanto criticam a criação do parque não demonstram a mesma preocupação.

É claro que eles não vão reclamar. Porque quem vai ter que assumir este passivo ambiental e sofrer as conseqüências é a sociedade, as gerações futuras. Alguém duvida disto? Pergunte então para os moradores de São Luiz do Paraitinga (SP) que tiveram sua cidade destruída recentemente por uma enchente tão devastadora, como se fossem atingidos por um tsunami.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Hora do Planeta e a hora da verdade: pequenas ONGs fazem a diferença

A Rã-de-cachoeira (Cycloramphus asper) vive exclusivamente nas cachoeiras dos riachos da Serra do Mar e estava ameaça em Joinville (SC) pela iluminação das cachoeiras com potentes holofotes, que foram desligados pela ação de uma pequena ONG, o Instituto Rã-bugio.

Um artigo científico publicado em 2007 na revista norte-americana Science, sobre o qual o site O ECO fez uma matéria, revela que as ricas e poderosas ONGs ambientalistas estrangeiras são muito eficientes em promover campanhas para arrecadar fundos nos países em desenvolvimento como o Brasil, mas são as pequenas ONGs locais que defendem a natureza de forma eficaz.

Lembrei de um caso que confirma a conclusão do artigo publicado na Science. Uma ONG estrangeira, muito rica e poderosa, está promovendo do nosso País a campanha "Hora do Planeta" (apague a luz por uma hora), com o propósito de combater o aquecimento global. Ganhou um espaço considerável em todos os meios de comunicação.

Diz a propaganda que na campanha do ano passado quatro mil cidades aderiram e até o Congresso Nacional (que neste momento está empenhado em derrubar o código florestal) também se sensibilizou e apagou as luzes... Enfim, a ONG estrangeira está alardeando pelos quatro cantos que a campanha em 2009 no Brasil foi um sucesso. Mas qual o indicador de sucesso que estão usando? Arrecadação de fundos (como o artigo da Science aponta)? Só pode ser, porque dados das ANEEL revelam que o consumo de energia elétrica no Brasil cresceu 10,4% no ano passado (veja os detalhes aqui), e o aumento mais forte do consumo ocorreu logo após a campanha. Portanto, a campanha não funcionou, pois não se observou uma redução do consumo de energia elétrica para amenizar o problema do aquecimento global, conforme prometia a propaganda.

Tenho um exemplo concreto de que há 7 anos fizemos uma "Hora do Planeta" mais eficaz. Em 2003, instalaram potentes holofotes para iluminar as cachoeiras da Serra do Mar, em Joinville (SC), na rodovia SC-301 (Estrada Dona Francisca), que corta um trecho preservadíssimo de Mata Atlântica, onde vivem espécies ameaçadas de anfíbios, do gênero Cycloramphus, que são endêmicas das cachoeiras da Serra do Mar e precisam da escuridão da noite para procurar alimente e se reproduzir.

Então, fizemos um apelo por meio de uma carta para a distribuidora de energia elétrica em SC, CELESC , que assumiu a manutenção da iluminação após a instalação, para APAGAR PARA SEMPRE os holofotes (e não apenas por uma hora para os noticiários da TV mostrar). Uma funcionária da empresa nos telefonou para dizer que a CELESC ira atender o nosso apelo e assim fez.

Ano passado, fiquei hospedado na sede de uma fazenda desativada no alto das montanhas da Serra do Mar, em Joinville, região dos campos de altitude. Fiquei alarmado com a quantidade de mariposas que eram atraídas pelas lâmpadas fluorescentes. O caseiro contou-me que já chegou a juntar um saco de 60 kg de mariposas mortas em apenas uma noite em que esqueceu de apagar as lâmpadas externas. Isto nós dá uma idéia do impacto da iluminação em áreas preservadas.

Eu li em algum lugar que há estudos científicos comprovando o enorme impacto ambiental causado pela iluminação do Cristo Redentor a partir de 1931. Hoje se sabe que houve um grande declínio na população de insetos, a mortandade de mariposas e outros tem sido considerável. Combater efetivamente este tipo de problema (massacre de seres vivos e desperdício de energia) fica obviamente para as pequenas ONGs cariocas.

Assim como o nosso exemplo, deve haver vários outros de pequenas ONGs que combateram iluminação em praias onde desovam tartarugas, iluminação de estradas rurais despovoadas que cortam matas preservadas, unidades de conservação... agressões contra a natureza geralmente feita por estas mesmas prefeituras que aderiram a campanha Hora do Planeta e apagaram as luzes de suas instalações por uma hora.

terça-feira, 16 de março de 2010

Tributo à devastação das Matas de Araucárias em Santa Catarina

Tronco de uma imbuia gigante abatida na década de 70, com mais de 3 metros de diâmetro: um "belo troféu" exibido no jardim de uma empresa do setor florestal, em Rio Negrinho (SC). Clique sobre a imagem para ampliá-la


A imbuia (Ocotea porosa), cujo tronco pode atingir mais de 3 metros de diâmetro, foi uma das árvores mais cobiçada do ecossistema Matas de Araucárias. Por fornecer uma madeira muito valiosa e apresentar um crescimento lento, a exploração intensa provocou um rápido esgotamento deste recurso natural e conduziu a espécie ao processo de extinção.

O risco de se tornar extinta aumenta a cada dia porque, apesar da proibição, a árvore continua sendo abatida e também seu habitat, as Matas de Araucárias, está sendo impiedosamente aniquilado. A imbuia, assim como as outras árvores do ecossistema, fornece seus frutos para alimentar várias espécies de aves e mamíferos.

Quem viaja pela BR-280 e passa pelo município de Rio Negrinho (SC), pode ver um tronco de uma imbuia exibido como “troféu” nos jardins da antiga sede da maior fábrica de móveis da América Latina da década de 30 até 70, que foi a Móveis Cimo. Este troco tem mais de 3 metros de diâmetro e deve ter levado cerca de 500 anos para atingir este tamanho.

Hoje, o local pertence a filial de uma grande empresa do setor florestal. O curioso é que só recentemente eles se tocaram da decoração de mau gosto, que não é muito “politicamente correto” para uma empresa do setor, e retiraram a enorme serra que aparece na foto acima, deixando apenas o tronco.

A empresa Móveis Cimo foi fundada pelos irmãos austríacos Jorge e Martim Zipperer e esteve estabelecida desde 1873 em Rio Negrinho SC. Posteriormente transferiu sua força de produção para Curitiba. Em 1980, com o esgotamento dos recursos naturais, da madeira no caso, a empresa perdeu fôlego e veio a fechar.

Hoje, ainda, muitos cinemas, universidade federais e escolas do país são mobiliados com móveis de imbuia fabricados pela Móveis Cimo. As cadeiras de imbuia do ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, por exemplo, estampadas com a logo da empresa, continuam perfeitas até hoje.

Alguém pode estar pensando: “Mas se a imbuia tivesse sido explorada de forma sustentável, a espécie teria chegado a esta situação tão dramática? A Matas de Araucárias não estariam a salvo”? A resposta está nos troncos das imbuias jovens (com até 100 anos) das imensas pilhas de lenha na boca dos fornos de carvão, oriundas do desmatamento que ocorre por todos os lados para o reflorestamento de pinus e eucalipto.

Se analisarmos bem, podemos chegar à conclusão que, de certa forma, a exploração da imbuia foi feita de forma não muito diferente dos modelos atuais de exploração sustentável que estão fazendo na Floresta Amazônica. Eles abatiam só as imbuias maiores e deixavam os “filhotes”.

O problema é que estes “filhotes” poupados levam mais de 300 anos para produzirem madeira de qualidade e, infelizmente, ninguém é doido de achar que poderá viver 300 anos para obter retorno financeiro com a madeira de árvores nativas. Logo, já podemos imaginar como será o futuro da Floresta Amazônica.

terça-feira, 9 de março de 2010

Extração de corantes naturais para atividades de EDUCAÇÃO AMBIENTAL no monitoramento de poluentes na água.

Mudança de cor com o pH do corante extraído da flor de um cipó (planta invasora) muito comum em terrenos baldios de São Paulo

Alguns corantes naturais extraídos de plantas apresentam substâncias químicas sensíveis a mudança do pH e podem ser utilizados com indicador ácido-base.

Neste trabalho o Instituto Rã-bugio apresenta os estudos realizados com a extração de corantes de várias espécies de flores facilmente encontradas nas áreas urbanas.

São experimentos muito simples de serem reproduzidos, bastante atraentes para os alunos e praticamente sem custos. Enfim, atividades práticas que estimulam muito o aprendizado de ciências no ensino fundamental e médio.

Este estudo mostra como os professores podem aplicar os corantes obtidos de flores nas atividades de Educação Ambiental para demonstrar, de forma muito estimulante para os alunos, os princípios do monitoramento de poluentes em rios e lagoas.

O arquivo PDF pode ser baixado a partir do site do Instituto Rã-bugio, no tópico PROJETOS: MATERIAIS DIDÁTICOS